Em Fevereiro de 2019 far-se-ão cem anos sobre o fim duma guerra civil portuguesa esquecida por quase todos, uma guerra que opôs o Norte ao Sul, Monárquicos contra Republicanos, Porto contra Lisboa. Foi breve mas feroz, com pormenores que surpreendem e fascinam, mas que ficou coberta de pó no meio dos registos.
Até agora.
Entre o riso e a dor, entre fantasia e realidade, entre a história que foi e a que poderia ser, com garbo e honra, ou sem nenhuma virtude redentora, mas com estilo e estilo à Norte, conheça histórias novas e inéditas, escritas propositadamente para este universo ficcional mas fascinante, em que os invernos não vêm a caminho. Os invernos já partiram e o seu gelo derreteu aos pés das vinhas de casta Touriga e inebriaram a imaginação.
A Companhia Zero, de Joel Puga
Através das cartas dum jovem oficial à sua noiva amada, conta-se a história da vida das trincheiras na Guerra Civil Winepunk, mas sobretudo a desumanização imposta por quem decide a normalidade sobre aqueles que são considerados dispensáveis. Uma história bela, trágica e pungente, escrita por um valor emergente da literatura especulativa portuguesa.
A Ira da Ferreirinha, de Carlos Silva
O Douro e a sua iconografia são inseparáveis da figura da Ferreirinha, ela mesma um ícone e símbolo duriense e português. Uma mulher que inflamou paixões e ódios, alterou a história e está no centro duma narrativa sobre paixão frustrada e vingança nos socalcos vinhateiros. Escrita por um autor que já é um valor seguro da ficção especulativa.
In Vino Veritas, de João Ventura
Índia, gurus, vinho do Porto, vindimas e política portuguesa. O Universo Winepunk abordado nas fragilidades e forças da tecnologia que o sustenta em pleno período de hostilidades Norte-Sul. Ficção especulativa escrita com a mestria habitual dum autor de mérito científico inquestionável.
Uma Conspiração Perigosa, por João Rogaciano
A Primeira Grande Guerra não acalmou a fúria anarquista que grassava na Europa e que se refugiava noutros conflitos para continuar a grassar. A Guerra Civil Winepunk foi um desses conflitos, em que os ataques ferozes entre adversários formais não impedia a guerra surda no interior de cada território, movida por forças autónomas e internacionais. Um autor amplamente publicado em ambos os lados do Atlântico descreve um desses episódios, com pormenores de suspense e thriller.
Nunca Mais, por João Barreiros
Nevermore, disse o corvo de Poe. E corvos abundam nesta narrativa brilhante, genial e louca como só um dos maiores escritores de ficção especulativa lusófona poderia escrever. Monstros do norte, monstros do sul, monstros verídicos, monstros do futuro e monstros humanos, sempre, tragicamente sempre, em diálogo, em luta e em exaltação. Não desapontará os apreciadores de weird nem os apreciadores duma linguagem barroca e irónica.
Os Engonços de Kionga (Parte Um e Dois), por Rhys Hughes
O Universo Winepunk cresce, expande-se e influencia episódios da Segunda Guerra Mundial em África. O vinho, dos joelhos ao coração, de África até Portugal, com prodígios da imaginação e da emoção, numa história que Lewis Carroll apreciaria, escrita por um autor de culto do Reino Unido.
Fragmentos do Dicionário Ilustrado da Monarquia do Norte, por AMP Rodriguez
Várias histórias entrelaçadas, apresentadas como entradas dum dicionário temático, numa homenagem a Milorad Pávic. Mini-biografias de quem viveu a Monarquia do Norte e a fez viver, epitáfios da vida de quem marcou episódios e imaginações num período tumultuoso.