As livrarias independentes, de Norte a Sul do país, pretendem criar uma associação que defenda os seus interesses comuns e tente contrariar a morte lenta que tem afectado o sector. Responsáveis pela divulgação da maior parte dos títulos fora das listas de best-sellers, elas têm sido, ao longo dos anos, as principais sustentadoras de uma oferta literária rica e diversificada, que se quer mantida e acarinhada numa sociedade desenvolvida. Ao longo dos anos, tem havido esforços por parte deste tipo de estabelecimentos de se reinventarem e diversificarem a sua oferta, de modo a assegurar a sua sobrevivência, num mercado cada vez mais inclemente e agressivo. Quase todas as livrarias independentes, actualmente, são responsáveis por um calendário de eventos culturais denso, dando espaço e voz à literatura, mas também à arte e à formação artística, ao teatro e à divulgação cultural.
Vários factores têm contribuído para um número recorde de encerramentos de livrarias por todo o país. A falta de aplicação e fiscalização efectivas da Lei do Preço Fixo do Livro conta-se entre as principais, com a grande distribuição a praticar descontos muito acima daqueles previstos pela lei, havendo mesmo, nalguns casos, recurso a práticas ilegais de dumping. A entrada das grandes superfícies e outros estabelecimentos não especializados no mercado, apenas reforçou esta situação e criou condições de concorrência incomportáveis para as livrarias independentes.
A subida de preços no mercado imobiliário é outro dos factores que tem contribuído para o encerramento de livrarias em grande número. Sendo tradicionalmente negócios de baixa rentabilidade, livrarias e alfarrabistas não conseguem suportar aumentos de 200 ou 300% nas rendas dos estabelecimentos que ocupam, sucumbindo à especulação.
Junta-se a estes factores, um desinvestimento por parte da comunicação social tradicional na divulgação cultural em geral e do livro em particular, que não permite discutir e divulgar a variedade de novos títulos e novos projectos que possam aparecer.
O projecto está a ser desenvolvido por livrarias de todo o território nacional, mostrando a ubiquidade destas questões em todo o país.
Para pequenas editoras como nós, esta é também uma questão de sobrevivência, já que são as livrarias independentes o nosso principal canal de distribuição. Sem elas, a aposta em projectos literários alternativos seria completamente impossível. E por isso, a Editorial Divergência declara o seu apoio a este projecto e deseja o maior sucesso aos seus dinamizadores.