Cristina Alves do blogue Rascunhos e Artur Coelho do blogue Intergalactic Robot falam-nos das suas experiências de leitura da nova antologia de cyberpunk, Proxy, a ser lançada no dia 24 de Setembro, no Fórum Fantástico em Lisboa:
Enquanto o futuro não chega Proxy traz-nos as mais diversas possibilidades, em episódios movimentados, onde a tecnologia é usada, não só para tentar ultrapassar a mortalidade carnal, como para responder aos mais diversos caprichos.
Cristina Alves, Blogue Rascunhos
O termo cyberpunk invoca nos fãs de Ficção Científica um tipo muito específico de iconografias. Cidades de torres brilhantes no seu alto modernismo arquitectónico, destinadas às rarefeitas classes bem sucedidas, rodeadas de velhos bairros degradados, fervilhantes com actividades habitualmente pouco cumpridoras de leis. Mundos virtuais paralelos, habitados por inteligências artificiais que se movem nas geometrias do éter binário. Robots e andróides, dos elegantes simulacros humanóides aos disformes engenhos mecanizados. Hackers rebeldes, magos da alucinação consensual sustentada por redes informáticas. Mesclas simbióticas de homens e máquinas. Frieza de interesses de conglomerados empresariais face à resiliência dos indivíduos num mundo onde o consenso westfaliano se pulverizou, levando consigo o conceito de estado-nação. Cenários perfeitos para aventuras que, no seu âmago, procuram fazer sentido do que à altura era um nascente mundo digital. As histórias desta antologia representam uma rara incursão de autores portugueses numa estética que, saída do imaginário de Bruce Sterling, Pat Cadigan, Vernor Vinge e William Gibson, escritores que nos anos 80 intuíram o domínio que a informatização iria exercer sobre a consciência humana, hoje nos parece ao mesmo tempo datada e intrigante. Seis escritores aceitaram o desafio, trazendo-nos contos que espelham influências cinematográficas, literárias e do mundo dos mangá. O resultado final pauta-se pela qualidade literária e solidez de mundos ficcionais que mostram como estes autores conseguiram sentir o pulsar estético do cyberpunk.
Artur Coelho, Blogue Intergalactic Robot
Eis-nos perante uma antologia inteligente, ambiciosa, polifónica e assumida. Organizadores e autores não só demonstraram estar atentos às virtudes e defeitos que acompanham o movimento ciberpunk desde a criação, como os subverteram numa interpretação moderna e pessoal. PROXY é ciberpunk em português para o século XXI. O seu maior defeito é ter surgido com 20 anos de atraso.
Luis Filipe Silva